Lésbicas, gays e bissexuais têm dificuldades em buscar ajuda psicológica, diz pesquisa da UFMG

  • 19/11/2021
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Lésbicas, gays e bissexuais têm dificuldades em buscar ajuda psicológica, diz pesquisa da UFMG

Problemas ocorrem, principalmente, em cidades menores do estado. Levantamento diz que nem sempre os profissionais conseguem ter sensibilidade para tratar questões ligadas à orientação sexual.

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou dificuldades na busca por ajuda psicológica de lésbicas, gays e bissexuais, principalmente em cidades pequenas, no interior do estado.

Segundo o levantamento, nem sempre os profissionais conseguem ter a sensibilidade para tratar as questões ligadas à da orientação sexual, por serem aspectos muito próprios do público LGBTQIA+.

O trabalho também apontou para a necessidade de capacitar os profissionais de saúde e repensar estratégias de ampliação dos serviços de prevenção, promoção e recuperação da saúde mental dessa população.

As conclusões são de uma tese de doutorado que investigou a importância do suporte familiar, da idade e do gênero na análise do desenvolvimento da identidade sexual e da saúde mental desse público.

Segundo o autor da pesquisa, Samuel Lima, em municípios pequenos a possibilidade de escolha de um especialista é muito restrita.

"Para pessoas que moram em centros menores, que tenham menos disponibilidade de profissionais, o risco de cair em um profissional que não tenha nenhuma tipo de sensibilidade é muito maior do que para a gente que está na cidade grande, em que você vai ao psicólogo ou psiquiatra e sente que funcionou. Quando você está na cidade pequena, você não tem essa disponibilidade profissional e você tem que lidar com o profissional que está ali disponível", disse Lima.
Outro ponto que reforça essa necessidade é que os sofrimentos mentais são mais prevalentes entre lésbicas, gays e bissexuais, em comparação com a população em geral. Segundo o levantamento, mulheres e pessoas mais jovens compõem o grupo de indivíduos mais propensos à depressão.

A pesquisa mostrou que os mais velhos têm menos risco de depressão e que os piores resultados da saúde mental dos participantes do público LGBTQIA+ são motivados pelo estigma e pelo preconceito, como explica o autor do estudo, Samuel Gomes.

“Por causa de algumas características que você tem, e a sexualidade é uma delas, isso te deixa em um estado de alerta constante. Como você tentar falar o mínimo possível, pra não mostrar uma voz que não performa uma voz de masculinidade, tentar se mover o mínimo possível. A gente teve casos, nas entrevistas, de pessoas que não faziam perguntas na sala de aula, para não ser motivo de chacota, então isso vai gerando essas questões que vão afetando e te colocando em um estado de alerta que gera um nível de tensão, que ela acaba se tornando crônico”.

O estudo foi executado por meio de uma pesquisa com 754 lésbicas, gays e bissexuais residentes em Minas Gerais, em 2019.


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