Caso Cairo em Uberlândia: Polícia diz que vítima foi morta por cobrar dívida de R$ 20 milhões e que quatro pessoas são suspeitas do crime
- 03/11/2021
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Por Lucas Figueira, g1 Triângulo e Alto Paranaíba — Uberlândia
A Polícia Civil concluiu o inquérito que investigava a morte do empresário Cairo Luiz Borges Mendes, que foi executado a tiros em 2017,em Uberlândia. Quatro pessoas foram indicadas como as principais mandantes do crime. Uma coletiva de imprensa foi realizada nesta quarta-feira (3) sobre o assunto.
Entre os indiciados está um empresário de 73 anos, que é apontado como principal mandante da ação. Durante a coletiva, jornalistas perguntaram se tratava-se de Orlando Resende, mas as respostas apesar de terem sido dando a entender que sim, não foram oficialmente confirmadas pela polícia. Ao g1, a Polícia Civil justificou por email que "em razão da Lei de Abuso de Autoridade, não divulga nome de suspeitos envolvidos em atos ilícitos".
A TV Integração entrou em contato com a família e o advogado do empresário. Para a emissora, o advogado que acompanhou Orlando Resende na época dos fatos, Neto Caixeta, disse por telefone que o empresário chegou a prestar esclarecimentos na Delegacia de Homicídios em Uberlândia anos atrás sobre o tema e que na época negou veemente qualquer tipo de participação no assassinato de Cairo Mendes. Além disso, o advogado declarou que a família acredita em toda a versão apresentava por Orlando ainda vivo.
Ainda durante a coletiva, foi informado que as investigações mostraram que o empresário contratou outros três: sendo um policial civil, um militar e um outro criminoso envolvido em diversos homicídios. Desses, apenas dois poderão ser de fato indiciados, já que o empresário morreu em setembro de 2021 devido a um infarto. Já o policial militar foi morto meses depois da execução de Cairo.
Motivação do crime
Segundo a Polícia Civil, Cairo trabalhava com execução judicial - que é cobrança de dívida. Ele tinha um escritório que trabalhava na compra de dívidas de bancos, que os bancos sabiam que tinham pouca chance de serem pagas. A partir disso, ele realizava a cobrança dessas dívidas.
“A motivação do homicídio foi uma dívida que na época girava em torno de R$ 20 milhões. A vítima estava executando essa dívida e o autor falava que não, que não ia pagar, que não ia executar a fazenda [que o suspeito tinha]. Preferia matar do que pagar a vítima”, detalhou o delegado Guilherme Catão.
Porém, mesmo se matasse Cairo, a dívida do suspeito ainda continuaria com os herdeiros da vítima. “O objetivo dele era maior. A vítima tinha um sócio nessa dívida. A intenção do autor era executar a vítima e buscar junto a esse sócio a quitação do valor por uma quantia bem menor”, completou o delegado.
Após a morte de Cairo, o sócio foi procurado e foi oferecido R$ 400 mil para quitar a dívida – que era de R$ 20 milhões. O sócio aceitou e a transação quase foi efetivada, mas o cartório avaliou que poderia ser algo fraudulento e a negociação não ocorreu.
Planejamento do crime
Coletiva de imprensa sobre a morte de Cairo foi realizada pelos delegados delegados Frederico Abelha Letícia Gamboge, e Guilherme Catão — Foto: Reprodução/Instagram
Ainda durante a coletiva, foi informado que as investigações mostraram que o empresário contratou outros três: sendo um policial civil, um militar e um outro criminoso envolvido em diversos homicídios. Desses, apenas dois poderão ser de fato indiciados, já que o empresário morreu em setembro de 2021 devido a um infarto. Já o policial militar foi morto meses depois da execução de Cairo.
Motivação do crime
Segundo a Polícia Civil, Cairo trabalhava com execução judicial - que é cobrança de dívida. Ele tinha um escritório que trabalhava na compra de dívidas de bancos, que os bancos sabiam que tinham pouca chance de serem pagas. A partir disso, ele realizava a cobrança dessas dívidas.
“A motivação do homicídio foi uma dívida que na época girava em torno de R$ 20 milhões. A vítima estava executando essa dívida e o autor falava que não, que não ia pagar, que não ia executar a fazenda [que o suspeito tinha]. Preferia matar do que pagar a vítima”, detalhou o delegado Guilherme Catão.
Porém, mesmo se matasse Cairo, a dívida do suspeito ainda continuaria com os herdeiros da vítima. “O objetivo dele era maior. A vítima tinha um sócio nessa dívida. A intenção do autor era executar a vítima e buscar junto a esse sócio a quitação do valor por uma quantia bem menor”, completou o delegado.
Após a morte de Cairo, o sócio foi procurado e foi oferecido R$ 400 mil para quitar a dívida – que era de R$ 20 milhões. O sócio aceitou e a transação quase foi efetivada, mas o cartório avaliou que poderia ser algo fraudulento e a negociação não ocorreu.
Planejamento do crime
Para matar Cairo, o empresário contratou os outros três envolvidos indiciados. O policial civil estava aposentado, o policial militar estava na ativa na época do crime (e é ele quem foi morto ao longo da investigação) e já o terceiro é um indivíduo que conta com várias passagens pela polícia, por homicídio e outros crimes.
“Esses três criaram a logística do homicídio. Tentaram primeiro contratar pistoleiros de Uberlândia por R$ 50 mil. Mas esses pistoleiros em um primeiro momento negaram por conta dos valores. Então, eles contrataram pistoleiros do estado de Goiás”, detalhou Catão.
No dia 5 de outubro de 2017, esses pistoleiros de Goiás esperaram a vítima sair do trabalho e cometeram o crime. Em seguida, saíram do local, levaram o carro até um terreno baldio e o queimaram. Um dos três suspeitos estava nesse local esperando para levar os executores embora.
Caminho das investigações
Durante as investigações, a Polícia Civil conseguiu chegar aos envolvidos após a prisão dos três “pistoleiros” de Uberlândia, que receberam a oferta para cometer o crime. “Os pistoleiros foram presos pelo Gaeco [Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado] posteriormente, na morte de um dos suspeitos do inquérito. Quando foram presos, confessaram, não só a morte desse suspeito, mas também confessaram que foram procurados para matar a vítima Cairo”, completou o delegado.
A partir desse depoimento, foram realizadas diligências por 10 cidades em Minas Gerais, São Paulo e Goiás, ouvidas 20 pessoas, sendo 18 testemunhas e 2 suspeitos.
“Nós demos a partida e conseguimos descobrir toda essa trama que envolve: um mandante (empresário), três suspeitos (um que já morreu e dois indiciados), que criaram a logística, contrataram pistoleiros de Goiás, que executaram a vítima e os que não haviam sido contratados, que não aceitaram, denunciaram essa trama”, completou Guilherme Catão.
Após a conclusão do inquérito, ele será remetido ao Ministério Público, que irá analisar a situação.
https://globoplay.globo.com/v/10007501/
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Entenda o crime
O empresário Cairo Luiz Borges Mendes, 60 anos, foi assassinado no fim da tarde de 5 de outubro de 2017 no Bairro Vigilato Pereira, em Uberlândia. Ele trafegava pela Rua Doutor Lacerda, por volta das 18h, quando foi atingida por oito tiros no peito. Depois de perder o controle do carro, acabou batendo em um poste.
O Corpo de Bombeiros foi acionado para realizar os primeiros socorros e encaminhou a vítima ainda com vida para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Porém, devido à gravidade dos ferimentos, não resistiu aos ferimentos.
O empresário do setor financeiro mantinha negócios em Minas Gerais, interior de São Paulo e Mato Grosso. Um sobrinho da vítima que não quis se identificar informou que o tio recebia ameaças de morte constantes devido aos riscos da atividade profissional.
"Como é um trabalho de cobrança de dívidas, acontece muito de quem aceita o empréstimo não querer pagar. Mas ele era um homem muito honesto, não tinha problemas com ninguém", comentou.
Filho do empresário preso
No dia 14 de fevereiro de 2019, policiais do Grupo Especializado em Recobrimento (GRE) prenderam Cairo Mendes Borges Filho. À época, o Ministério Público confirmou que a ação estava relacionada à segunda fase da Operação "Dominó", chamada de Mercenários, que foi deflagrada em dezembro em Uberlândia pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), que investiga a atuação de um grupo de extermínio na cidade.
Cairo Filho é suspeito de ser o mandante de um dos suspeitos de matar o pai, o que seria, conforme suspeitas iniciais da polícia, uma vingança pela morte do pai. Na casa dele, foram apreendidos um revólver calibre 38, munição e dinheiro.
"Quem matou Cairo"
Em 2019, a frase “Quem matou Cairo?, foi estampada em 18 outdoors espalhados por diferentes regiões de Uberlândia. A campanha foi um pedido de justiça e esclarecimento das circunstâncias do assassinato, uma vez que nenhum suspeito do crime havia sido preso até então.
Há época, a esposa e a filha da vítima conversaram com a reportagem, além do delegado regional que deu detalhes sobre as investigações.
“Seguimos sem resposta. Dois anos depois do homicídio, ainda não houve justiça. Iniciamos esta ação de impacto para chamar a atenção da população e autoridades para que o crime não fique impune”, afirmou a administradora Camila Costantin Borges, filha de Cairo em 2019.